MP-PR investiga filho de Popó e sócio por tentativa de compra de cartão amarelo

Quando Igor Gutierrez Freitas, empresário esportivo e filho de Acelino Freitas (conhecido como Popó), foi acusado de aliciar jogadores do Londrina, o Ministério Público do Paraná (MP‑PR) lançou a Operação Derby para investigar uma suposta compra de cartão amarelo na Série C do Brasileirão.
Contexto: por que a manipulação esportiva chama atenção?
A Série C tem sido historicamente vulnerável a tentativas de manipulação esportiva porque clubes menores contam com margens financeiras apertadas e jogadores que, muitas vezes, recebem salários modestos. Em 2023, a Banca Internacional de Jogos (BIGO) registrou 27 denúncias de tentativa de corromper partidas em divisões inferiores, e a maioria dos casos envolvia pagamento direto a atletas para influenciar cartões ou resultados.
Naquele cenário, uma oferta de R$ 15 mil parece pouca coisa para alguns, mas suficiente para mudar um minuto de jogo. É exatamente esse valor que a investigação aponta como proposta feita a pelo menos um dos três jogadores do Londrina, antes do duelo contra o Maringá em 26 de abril de 2025.
Os investigados: Igor Gutierrez Freitas e Rodrigo Rossi Calamo
Igor, que tem 31 anos, construiu sua reputação nas redes sociais como “consultor de projetos estratégicos” para clubes de futebol. Segundo os autos, ele entrou em contato via Instagram, se apresentando como representante com acesso direto às maiores empresas do mercado nacional. O outro homem apontado como cúmplice é Rodrigo Rossi Calamo, sócio de Igor em uma empresa de marketing esportivo ainda sem registro formal em nenhum dos principais órgãos de classe.
Ambos foram alvos de quatro mandados de busca e apreensão nas cidades de Salvador (Bahia) e Itapema (Santa Catarina). As diligências, coordenadas pelo Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também incluíram duas buscas pessoais nos próprios domicílios dos empresários.
Como ocorreu a suposta abordagem?
De acordo com o relatório preliminar, por volta de 14h45, aproximadamente uma hora antes da partida, Igor enviou mensagens a três jogadores do Londrina, oferecendo R$ 15 mil para que um deles recebesse um cartão amarelo até os 27 minutos do primeiro tempo. O texto dizia:
"Precisamos de um amarelo antes dos 30 minutos. É simples, rápido e bem pago. Contamos com sua colaboração."
Das três mensagens, apenas um jogador respondeu, demonstrando interesse, mas acabou recusando a oferta logo em seguida. O clube, por meio de nota oficial, afirmou que nenhum dos atletas que recebeu amarelo naquela partida participou da negociação e que todos os três foram abordados e recusaram.
Reações do Ministério Público e do clube
O promotor de justiça Jorge Fernando Barreto da Costa, responsável pela operação, declarou:
"Lembrando que os jogadores recusaram a proposta. As investigações caminham no sentido de confirmar essa abordagem e identificar outras possíveis tentativas de aliciamento. Não toleraremos qualquer tentativa de corromper o esporte, seja qual for a divisão."
Já o diretor de futebol do Londrina, Rogério Bittencourt, agradeceu o trabalho das autoridades e garantiu que o clube reforçará a orientação aos atletas sobre integridade esportiva.
Impactos e repercussões no cenário nacional
Embora a partida em si tenha terminado 1 a 0 para o Maringá, o caso reacendeu o debate sobre a necessidade de protocolos mais rígidos contra a manipulação nas divisões inferiores. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já anunciou que vai propor um edital de cooperação entre tribunais, Federações estaduais e a CBF para criar um cadastro de “pontos de vulnerabilidade”, onde casos como o de Igor e Rodrigo serão monitorados.
Especialistas em direito esportivo, como a professora Fernanda Lemos da Universidade Federal do Paraná, apontam que a punição – caso haja condenação – pode chegar a até 5 anos de reclusão e multa de até R$ 500 mil, conforme prevê a Lei 12.850/2013 (organização criminosa) e a Lei 10.263/2001 (estabelecimento de aposta).
Próximos passos da investigação
O Gaeco continuará analisando as conversas de WhatsApp e e‑mails apreendidos. A expectativa é que, dentro de duas semanas, o Ministério Público peça a prisão preventiva de Igor e Rodrigo, caso existam indícios suficientes de crime continuado. Enquanto isso, o Londrina deve apresentar ao Tribunal de Justiça do Paraná um plano de integridade com treinamentos obrigatórios para todos os seus atletas.
Resumo dos fatos
- Operação Derby iniciada em 12/09/2025 pelo MP‑PR.
- Suspeitos: Igor Gutierrez Freitas (filho de Popó) e Rodrigo Rossi Calamo.
- Oferta de R$ 15 mil para compra de cartão amarelo nos primeiros 27 minutos da partida Londrina x Maringá (26/04/2025).
- Jogadores recusaram; nenhum atleta envolvido foi punido.
- Seis mandados cumpridos em Salvador (BA) e Itapema (SC).
- Promotor: Jorge Fernando Barreto da Costa.

Frequently Asked Questions
Como a tentativa de compra de cartão afeta o Londrina?
Embora nenhum jogador tenha aceitado, a situação põe em risco a credibilidade do clube e pode gerar sanções caso autoridades descubram falhas nos processos internos de integridade. O Londrina prometeu auditorias e treinamentos para evitar novos incidentes.
Quem são as pessoas investigadas?
Os alvos são Igor Gutierrez Freitas, filho do ex‑campeão mundial de boxe Acelino "Popó" Freitas, e seu sócio Rodrigo Rossi Calamo. Ambos atuam como empresários no mercado esportivo e foram acusados de tentar corromper jogadores.
Qual foi o papel do Ministério Público do Paraná?
O MP‑PR coordenou a Operação Derby, requisitou buscas em duas cidades diferentes, recolheu provas digitais e agora encaminha o caso ao Poder Judiciário para decidir sobre prisão preventiva e eventual processo criminal.
Quais são as possíveis punições se forem condenados?
Conforme a Lei 12.850/2013, os réus podem enfrentar até 5 anos de reclusão, além de multas que podem ultrapassar R$ 500 mil, sem contar a proibição de exercer atividade no ramo esportivo.
O que muda para os jogadores de divisão C?
A partir de agora, clubes da Série C deverão implantar programas de integridade, com acompanhamento diário de mensagens e sessões de conscientização sobre corrupção esportiva, conforme orientação da CBF e do Ministério da Justiça.
Tais Tais
setembro 29, 2025 AT 01:37É revoltante ver mais um caso de tentativa de manipulação na Série C. O fato de envolver o filho do Popó só dá mais visibilidade ao problema, que já vem crescendo nos últimos anos. A gente sabia que a pressão financeira nos clubes menores abre brechas para esse tipo de proposta. É fundamental que as federações reforcem a educação dos atletas sobre integridade. Se o MP‑PR continuar firme, talvez consigamos desestimular essas práticas.