Intoxicação por metanol mata 2 em SP; 25 casos em 25 dias

Intoxicação por metanol mata 2 em SP; 25 casos em 25 dias set, 29 2025

Quando o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) confirmou que duas pessoas morreram por metanol nesta sábado, 27 de setembro de 2025, a reação foi de choque em São Paulo e São Bernardo do Campo. Os óbitos foram registrados em duas localidades distintas da região metropolitana, enquanto o Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) divulgou que, em apenas 25 dias, 25 casos de intoxicação por metanol foram detectados em todo o estado.

Contexto e histórico de intoxicações por metanol

Até pouco tempo atrás, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) registrava episódios ligados ao consumo deliberado de combustíveis por populações vulneráveis. Nos últimos dois anos, a maioria dos casos envolvia bebidas ilícitas de origem clandestina, sobretudo em contextos de rua.

Hoje, a situação mudou. O Ciatox aponta que as intoxicações surgiram em festas, bares e residências, com bebidas como gin, whisky e vodka. Essa mudança de padrão tem surpreendido especialistas, que alertam: "Quando o consumo se desloca para ambientes sociais, a cadeia de fornecimento se torna mais difícil de rastrear".

Detalhes dos casos fatais de setembro

O primeiro falecido foi um homem de 42 anos encontrado inconsciente em casa na capital, enquanto o segundo, uma mulher de 37 anos, morreu em um hospital de São Bernardo do Campo. Ambas apresentaram sintomas típicos – vômitos, dor abdominal intensa e, pior ainda, perda da visão – que desencadearam o diagnóstico de intoxicação por metanol.

Desde junho, o CVS contabiliza seis mortes confirmadas e mais dez casos ainda sob investigação na cidade de São Paulo. O número total de vítimas suspeitas ultrapassa 30, segundo dados da Senad. Entre eles, destaca‑se o caso de quatro jovens (dois homens e duas mulheres, entre 23 e 27 anos) que ingeriram duas garrafas de gin no dia 1º de setembro, compradas em uma adega da Cidade Dutra, na Zona Sul.

Os jovens relataram forte dor de cabeça e, pouco depois, começaram a apresentar visão turva. Um deles, de 27 anos, chegou a gritar que estava ficando cego antes de ser levado ao pronto‑socorro. "Pensei que fosse ressaca, mas a dor era tão aguda que eu não conseguia nem abrir os olhos", contou em boletim de ocorrência.

Investigação da Polícia Civil de São Paulo e perfil das vítimas

A Polícia Civil abriu inquérito para identificar a origem das garrafas contaminadas. Segundo o relatório obtido pelo portal G1, a adega onde o gin foi adquirido não possui licença para revenda de bebidas alcoólicas de origem industrial, o que levanta suspeitas de venda de lote clandestino.

Os investigadores coletaram amostras das garrafas e enviaram para análise laboratorial em São Paulo. Os resultados preliminares apontam a presença de cerca de 15% de metanol puro, quantidade suficiente para causar danos neurológicos graves em poucas horas.

Os jovens, todos estudantes universitários, relataram que a compra foi feita por impulso durante uma reunião de fim de semana. "Era só um happy hour, nunca imaginamos que o gin poderia ser mortal", desabafou a amiga de 24 anos, que preferiu não ter o nome divulgado.

Reação das autoridades e medidas de fiscalização

Reação das autoridades e medidas de fiscalização

O Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, fez um pronunciamento oficial na tarde de 27 de setembro, reforçando a necessidade de "rigor extremo na cadeia de produção e distribuição". Ele prometeu que o governo estadual vai intensificar a fiscalização em distribuidores, bares e lojas de conveniência.

O CVS, em nota conjunta com a Senad, recomenda que consumidores averiguem o lacre de segurança, o selo fiscal e a procedência do fabricante antes da compra. "Bebidas adulteradas podem estar em qualquer lugar, até mesmo em estabelecimentos aparentemente confiáveis", alertou o coordenador do CVS, Dr. Marcos Oliveira.

Além das inspeções presenciais, está sendo implementado um sistema de rastreamento eletrônico de notas fiscais de bebidas alcoólicas, permitindo à polícia cruzar informações em tempo real.

Impacto na população e recomendações de saúde

Os números alarmantes já mobilizaram sindicatos de trabalhadores do setor de bares e restaurantes, que temem prejuízos econômicos caso as investigações resultem em fechamentos em massa. Por outro lado, a população geral está mais cautelosa: aplicativos de delivery de bebidas agora exigem comprovação de identidade e comprovante de compra.

Especialistas em toxicologia recomendam que, ao suspeitar de intoxicação por metanol, o paciente seja levado imediatamente a um serviço de saúde capaz de administrar etanol ou fomepizol, antídotos que competem com o metanol no organismo.

  • 2 mortes confirmadas em setembro de 2025;
  • 25 casos de intoxicação em apenas 25 dias;
  • 10 casos ainda sob investigação na capital;
  • Lacre, selo fiscal e rótulo são sinais de segurança;
  • Polícia Civil coleta amostras e rastreia lotes suspeitos.

Próximos passos

Nos próximos dias, a Polícia Civil de São Paulo deverá divulgar os resultados finais das análises laboratoriais. Enquanto isso, o CVS promete ampliar campanhas educativas em escolas e comunidades vulneráveis, visando reduzir o consumo de bebidas de procedência duvidosa.

Se você suspeita que a bebida que consumiu pode estar contaminada, procure orientação imediatamente nos serviços de saúde ou ligue para o Disque‑Denúncia da saúde (136). A prevenção ainda é a melhor arma contra essas tragédias.

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Quantas pessoas morreram por intoxicação de metanol em setembro de 2025?

Dois casos fatais foram confirmados: um homem em São Paulo e uma mulher em São Bernardo do Campo, ambos em setembro de 2025.

Qual foi a origem das bebidas que causaram as intoxicações?

As bebidas foram adquiridas em uma adega da Cidade Dutra, sem licença de revenda e sem lacre de segurança, indicando origem clandestina ou adulterada.

O que as autoridades estão fazendo para evitar novos casos?

O governador Tarcísio de Freitas ordenou inspeções intensivas, implementação de rastreamento eletrônico de notas fiscais e campanhas de conscientização sobre lacres e selos fiscais.

Quais são os sintomas típicos de intoxicação por metanol?

Vômitos, dores abdominais intensas, visão turva ou perda completa da visão, e, em casos graves, insuficiência renal e falência de múltiplos órgãos.

Como a população pode se proteger ao comprar bebidas alcoólicas?

Exija sempre o lacre intacto, verifique o selo fiscal, prefira marcas registradas e, em caso de dúvidas, consulte o CVS ou denuncie a prática ao Disque‑Denúncia da saúde (136).