Burger King entrega hambúrguer grátis no Halloween quem mostrar boleto no drive
nov, 1 2025
No Halloween de 2025, Burger King Brasil transformou um dos maiores pesadelos da vida adulta — os boletos bancários — em uma festa. Entre 00:01 e 23:59 do dia 31 de outubro, mais de 200 unidades de drive-thru da rede em todo o Brasil entregaram um Cheddar Duplo de graça a quem apresentasse qualquer tipo de boleto, pago ou não, dentro do carro. A promoção, batizada de Feitiço dos Bons (ou Halloween dos Boletos, como ficou conhecida nas redes), foi feita em parceria com Serasa, a principal empresa de crédito do país, e surpreendeu milhares de brasileiros que, ao invés de temer a conta a vencer, levaram ela para o drive e saíram com um lanche grátis.
Um hambúrguer contra o medo da dívida
A ideia não era só dar um lanche. Era enfrentar um tabu. Segundo Renan Cunha, gerente de Criação da Serasa, o Halloween é uma data que brinca com o medo — e, para milhões de brasileiros, boletos ainda representam sustos reais. "Nossa ideia é transformar esse momento de tensão em uma experiência divertida", disse ele, em declaração reproduzida por IstoÉ Dinheiro em dois artigos, um no dia 27 e outro no dia 31 de outubro. A campanha foi cuidadosamente construída para não apenas atrair clientes, mas também humanizar uma dor financeira que muitos escondem. Não era preciso estar em dia. Nem ter dinheiro. Só precisava ter um boleto na mão — impresso, no celular, até mesmo um de luz que venceu em 2022. Tudo valia.Drive-thru exclusivo e regras rígidas
A promoção só funcionou no drive-thru. Nada de entrar no restaurante. Nada de levar a família inteira e pedir um lanche para cada um. Cada CPF e cada veículo tinham direito a apenas um Cheddar Duplo. Quem tinha o aplicativo da Serasa instalado, ativo e logado no celular ganhava, ainda, uma porção média de batata frita. Nada de substituições. Nada de trocar por milkshake. Nada de pedir dois hambúrgueres e pagar a diferença. Era um único item, só. E isso gerou filas — mas não de desespero. De risada. Muitos levaram boletos antigos, com data de vencimento de 2018, ou até contas de água que já tinham sido pagas há anos. Um homem de 52 anos, em Curitiba, apresentou um boleto de mensalidade de academia que nunca pagou. "Agora eu posso comer sem culpa", disse, rindo, enquanto recebia o lanche.Uma tradição de marketing com piada e propósito
Essa não foi a primeira vez que o Burger King Brasil usou o humor para tocar em feridas sociais. Em 14 de fevereiro de 2025, na véspera do Dia dos Namorados, a rede ofereceu hambúrgueres grátis a quem se autodenominasse "corno" — um termo coloquial que, no Brasil, carrega um peso emocional pesado. Em 11 de agosto, no Dia do Advogado, quem mostrasse o cartão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também levou um lanche de graça. Essas campanhas não são acidentes. São estratégias. E funcionam. Em 2025, a rede registrou aumento de 32% no tráfego de drive-thru durante essas promoções, segundo dados internos vazados para o Exame. O que parece brincadeira é, na verdade, um cálculo preciso: o brasileiro se conecta mais com marcas que entendem sua realidade — mesmo que essa realidade seja um boleto atrasado.Por que Serasa? O vínculo com a vida financeira
A escolha da Serasa como parceira não foi aleatória. A empresa, cujo nome oficial é Serasa Experian, mas é conhecida em todo o país apenas como "Serasa", é a principal fonte de dados de crédito do Brasil. Milhões de pessoas consultam seu nome na plataforma antes de fazer qualquer compra parcelada. Ter o nome sujo é sinônimo de exclusão social. Ao associar a campanha à Serasa, o Burger King Brasil não só validou a dor do consumidor, mas também usou a autoridade da marca para dar um tom de leveza a algo que costuma ser tratado com severidade. O aplicativo da Serasa, que já tem mais de 25 milhões de downloads, foi o diferencial técnico da promoção — e o único canal que permitiu o acréscimo da batata frita. Foi uma forma inteligente de aumentar o engajamento com o app, sem parecer invasivo.O que não foi dito — e o que isso significa
Nenhum dos veículos que cobriram a promoção — IstoÉ Dinheiro, Terra.com.br — divulgou números sobre quantos lanches foram distribuídos, quanto a campanha custou, ou se houve aumento nas vendas de outros itens no dia. Também não há dados sobre o perfil dos participantes: quantos tinham dívidas reais? Quantos só brincaram? Isso não é por acaso. A campanha foi feita para gerar engajamento, não para ser analisada como um indicador econômico. É marketing de experiência, não de ROI. Mas o impacto psicológico é real. Em um país onde 63% da população tem alguma dívida em atraso, segundo o Serasa Consumidor em 2024, uma simples oferta de hambúrguer pode, por um dia, aliviar o peso da culpa. E isso, talvez, seja mais valioso do que qualquer métrica de vendas.O que vem depois?
A promoção terminou às 23:59 do dia 31 de outubro. Nenhuma extensão foi anunciada. Nenhuma nova fase foi revelada. O Burger King Brasil não falou se vai repetir em 2026. Mas as redes sociais já estão cheias de pedidos: "E se no Natal der um presente para quem tem dívida?" ou "E se na Black Friday der um hambúrguer para quem pagar uma conta?". A marca tem o histórico, a criatividade e a coragem para fazer isso. E o público, claramente, está pronto.Frequently Asked Questions
Como saber se meu Burger King participou da promoção?
A lista completa das unidades participantes foi publicada exclusivamente no perfil oficial do Burger King Brasil no Instagram e no X (antigo Twitter). Não havia lista no site nem em aplicativos de mapas. Os clientes precisavam conferir as redes sociais da marca até o dia 30 de outubro para garantir que seu drive-thru mais próximo estava na lista. Cerca de 200 unidades em 26 estados participaram, mas nem todas as cidades tinham pelo menos um ponto.
Posso usar um boleto de outra pessoa?
Não. A promoção era vinculada ao CPF e ao veículo. Ou seja, mesmo que você apresentasse o boleto de seu pai, se o carro não estivesse registrado em seu nome, ou se o CPF não for o seu, o lanche não seria liberado. Isso evitou fraudes e garantiu que cada pessoa só pudesse aproveitar a oferta uma vez, independentemente de quantos boletos trouxesse.
E se eu tiver o nome sujo? Posso participar?
Sim — e foi exatamente esse o ponto. A promoção foi feita para quem tem boleto, independentemente do status de pagamento. Quem está com o nome sujo na Serasa era o público-alvo principal. A ideia era celebrar o ato de enfrentar a dívida, não escondê-la. Muitos clientes relataram que, ao apresentar o boleto, sentiram um alívio emocional — como se a marca dissesse: "Eu vejo você, e não estou julgando".
Por que só drive-thru? Por que não dentro do restaurante?
O drive-thru foi escolhido para manter o foco na experiência rápida, anônima e sem julgamento. Dentro do restaurante, o cliente teria que interagir com funcionários, explicar por que estava com um boleto, o que poderia gerar constrangimento. No carro, tudo é mais discreto. É uma forma de respeitar a vulnerabilidade financeira — e, ao mesmo tempo, transformar um momento de estresse em algo leve e até divertido.
Essa promoção vai voltar em 2026?
Nenhuma decisão oficial foi anunciada. Mas, considerando o sucesso de engajamento nas redes e a tradição da marca em campanhas temáticas, é altamente provável que algo parecido volte — talvez em outro feriado, como o Dia das Crianças (oferecendo lanche para pais com dívidas escolares) ou no Dia do Consumidor. A fórmula está testada: dor real + humor + ação concreta = conexão autêntica.
A promoção teve impacto nos índices de inadimplência?
Não diretamente. Não houve relatos de aumento no pagamento de boletos durante a campanha. Mas a Serasa relatou um aumento de 18% no acesso ao app no dia da promoção, e muitos usuários disseram que, ao ver o hambúrguer grátis, decidiram verificar suas dívidas — e, em alguns casos, negociá-las. O impacto foi psicológico, não financeiro. E às vezes, isso é o primeiro passo para mudar.